Época Tinita
No século III a.C., o sacerdote Manetão estabeleceu uma cronologia dos faraós, desde Menés até seus contemporâneos, agrupando-os em 30 dinastias, um sistema ainda utilizado atualmente. Ele escolheu iniciar a história oficial com Menés, considerado o unificador dos reinos do Alto e Baixo Egito (c. 3 100 a.C.). Na realidade, a transição para um Estado unificado ocorreu de forma mais gradual do que os relatos egípcios sugerem, e não há registros contemporâneos de Menés. Alguns estudiosos acreditam que Menés poderia ser Narmer, que aparece em trajes reais na Paleta de Narmer em um ato simbólico de unificação, ou Atótis, cujo nome de Nebti (Mem) pode ter inspirado o nome grego.
Ainda que o episódio da unificação do Egito seja complexo e interprete-se de várias maneiras, a formação de Mênfis se destaca como um marco importante ao adquirir relevância comercial, administrativa e cultural. Outras explicações para a unificação incluem dominação gradual (de origens mesopotâmicas, núbias, deltaicas ou alto-egípcias), integração regional (alianças, guerras e trocas culturais), comércio, pressão populacional (do sul ao norte) e uniformidade religiosa.
Na Época Tinita, que abrangeu as I e II dinastias, o Egito era governado a partir de Tinis, que eclipsou politicamente Abidos, cuja função passou a ser religiosa e mortuária. Sob o governo de Atótis, filho de Narmer, foram realizadas campanhas para subjugar rebeldes na Núbia, e um famoso templo dedicado a Neite foi fundado em Saís. Uma das maiores realizações desses faraós foi a fundação de Mênfis, atribuída por Heródoto a Menés, que se tornaria capital do Egito a partir da III dinastia.
Dentre os sucessores de Atótis, reinou Merneite, filha de Quenquenés, que atuou como regente de Usafedo. Sob os reinados de Quenquenés e Usafedo, foram realizadas novas campanhas militares; o primeiro as representou como expedições navais, e o segundo aparece em relatos atacando trogloditas no Oriente. Miebido, sucessor de Usafedo, enfrentou disputas dinásticas, sendo sucedido pelo usurpador Semempsés, que mandou apagar o nome de Miebido das inscrições, mas também foi excluído da lista de Sacará.
Sob o faraó Queco, foram instituídos os cultos da cabra de Mendés e dos touros Mnévis de Heliópolis e Ápis de Mênfis. Binótris realizou campanhas militares e legitimou a sucessão feminina. Nos últimos reinados da II dinastia, marcados por conflito entre o norte e o sul, fontes relatam uma expedição do norte que alcançou a cidade de Nequebe, um centro de culto de Necbete próximo a Hieracômpolis, onde houve um combate que deixou milhares de mortos. A paz foi restabelecida e solidificada pelo casamento do faraó com uma princesa do Baixo Egito.
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