Antigo Egito a Medicina
Os problemas médicos dos antigos egípcios estavam diretamente relacionados com o meio ambiente. Viver e trabalhar perto do Nilo envolvia riscos de malária e de esquistossomose provocada por um parasita debilitante que causa danos ao fígado e intestino. Perigosos animais selvagens como crocodilos e hipopótamos também foram uma ameaça comum. O trabalho vitalício na agricultura e em construções provocava stress na coluna vertebral e articulações, e ferimentos traumáticos na construção e na guerra tiveram impacto significativo na saúde de muitos egípcios. Cascalho e areia usados para moer farinha desgastava os dentes, deixando-os suscetíveis a abscessos (embora cáries fossem raras).[319] A dieta dos ricos foi rica em açúcar, o que provocou periodontite.[320] Apesar da lisonjeira retratação do físico nas paredes dos túmulos, o excesso de peso de muitas múmias da classe alta mostra os efeitos de uma vida de excesso.[321] A expectativa de vida dos adultos foi de 35 para os homens e 30 às mulheres, mas muitos jovens não chegavam a atingir a maioridade, pois aproximadamente um terço da população morria na infância.[322]
Os médicos egípcios foram renomados no Oriente Próximo por suas habilidades curativas, e alguns, como Imhotep, mantiveram a sua fama muito para além da sua morte.[323] Heródoto comentou que havia um alto teor de especialização entre os médicos egípcios, com alguns tratando só a cabeça ou o estômago, sendo outros oculistas e dentistas.[324] Os lugares de formação dos médicos, chamados Per Ankh ou "Casas de Vida", eram áreas de templos que funcionavam como biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam textos. Conhece-se a existência de tais instituições em Bubástis no Império Novo e em Abidos e Saís na Época Baixa. Os papiros médicos egípcios evidenciam conhecimentos empíricos de anatomia, doenças, e tratamentos práticos.[325]
Os egípcios foram os primeiros a afirmar que as doenças têm causas naturais, o que os motivou a produzir medicamentos para combatê-las. Os egípcios produziram a primeira farmacopeia conhecida. Entre os medicamentos podem-se citar ervas medicinais, sangue de lagartos, fezes animais, leite de mulher grávida e livro velho fervido.[326][175] Feridas foram tratadas por bandagem com carne crua, linho branco, suturas, redes e cotonete encharcado com mel para evitar infecções,[327] enquanto ópio foi usado para aliviar a dor. Alho e cebola foram usados regularmente para promover boa saúde e acreditava-se que aliviavam os sintomas de asma. Os cirurgiões egípcios antigos costuravam feridas, colocavam braços quebrados no lugar, e amputavam membros doentes, mas também reconheceram que alguns ferimentos eram tão graves que a única coisa a fazer era confortar o paciente até sua morte.[328]
A previsão do futuro era praticada através da interpretação dos sonhos; há um papiro com uma relação de sonhos e interpretações.[32
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