Concretismo
Concretismo
O Concretismo, ou Arte Concreta, foi uma das manifestações artísticas da primeira metade do século XX.Por vezes, a expressão “concretismo” é usada como sinônimo de “arte concreta”. Essa sinonímia, entretanto, pode gerar uma confusão a respeito de movimentos artísticos distintos, ainda que um esteja historicamente filiado ao outro. Por arte concreta entende-se um ramo das vanguardas artísticas europeias das primeiras décadas do século XX que teve sua expressão principal na pintura e na escultura. Já o concretismo desenvolveu-se nas décadas de 1950 e 1960, no Brasil, especificamente na cidade de São Paulo, abrangendo a poesia, mas também as artes plásticas.
A expressão “arte concreta” foi elaborada por Theo van Doesburg (1883-1930), artista plástico ligado ao suprematismo e à escola De Stijl (O Estilo). Van Doesburg desenvolveu uma concepção anti-impressionista e antiabstrata de arte, sobretudo de pintura, passando a considerar apenas as linhas, pontos, cores e planos na tela. Essa perspectiva sobre a pintura acabou por rechaçar também o subjetivismo artístico, isto é, a arte como expressão da subjetividade e dos sentimentos. Os pontos principais da estética concreta estão reunidos no manifesto escrito por van Doesburg (que pode ser visto na imagem no topo do texto), publicado em 1930.
A arte concreta também herdou elementos da Escola de Bauhaus, que foi uma das pioneiras no design de móveis e de interiores. As esculturas funcionais da Bauhaus serviram de modelo para os projetos esculturais da arte concreta, geralmente trabalhados em metal. O desenvolvimento desse tipo de arte acompanhou o progresso material advindo do processo de urbanização e industrialização, que teve o seu triunfo no século XX.
Foi dentro dessa ambiência urbana e industrial que o concretismo desenvolveu-se no Brasil. Nas décadas de 1950 e 1960, houve um “boom” industrial no país, e a cidade de São Paulo foi a grande receptora dessa explosão da indústria, principalmente dos setores automobilístico e de eletrodomésticos. A modernização industrial paulistana trouxe ao Brasil com mais veemência as tendências da arte moderna e contemporânea. A criação do MAM (Museu de Arte Moderna de São Paulo), em 1948, contribuiu muito para a recepção desse tipo de arte entre o público não especializado.
O concretismo brasileiro teve como principais representantes, na poesia, Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, além de Ferreira Gullar, que rompeu com o movimento posteriormente. No campo das artes plásticas, os principais representantes do concretismo no Brasil foram Lygia Clarck e Hélio Oiticica.
Em termos poéticos, o concretismo levou a cabo o projeto “verbivocovisual”, isto é, uma integração radical entre a palavra (verbi), o som (voco) e a visualidade gráfica das letras (visual). O uso do computador foi decisivo para esse projeto, pois oferecia possibilidades infinitas de composições gráficas dos poemas. A linguagem de propaganda, desde a sua estrutura sintética até o tipo de letras utilizado, também foi absorvida pelos poetas concretistas.
Em termos de artes plásticas, a escultura predominou. A maioria dos projetos de Hélio Oiticica e Lygia Clarck experimentava a combinação de formas geométricas, esculpidas em metal ou madeira e dispostas em um cenário temático. Um dos exemplos mais bem acabados desde tipo de escultura são os móbiles de Lygia: estruturas em metal que podem ser manipuladas e modificadas pelo próprio espectador.
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