Cumplicidade Zezé Di Camargo e Luciano Teorias de Raul

Cumplicidade Zezé Di Camargo e Luciano Teorias de Raul

Biografia

Zezé Di Camargo & Luciano é uma dupla sertaneja brasileira formada pelos irmãos Mirosmar José de Camargo (cujo nome artístico – pseudônimo é Zezé Di Camargo) e Welson David de Camargo (conhecido como Luciano), naturais de Capela do Rio do Peixe, distrito de Pirenópolis, no estado de Goiás. A dupla tem uma média de 130 shows por ano, mais de um milhão de cópias por CD lançado, participação em campanhas publicitárias e licenciamento em várias marcas.

ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO -CAMARGO E CAMARGUINHO, O INÍCIO DE TUDO

Fã de Tonico e Tinoco, seu Francisco, um lavrador de Pirenópolis, cidadezinha do interior de Goiás, acalentava um sonho: ter dois filhos homens que pudessem formar uma dupla sertaneja. Quando nasceu Mirosmar José, o primogênito da família Camargo, cobrou da mulher, dona Helena: – Agora precisamos da segunda voz. Um ano depois nascia Emival, o parceiro que faltava.

Quando Zezé, o filho mais velho, completou três anos, ganhou do pai uma gaita. Mais tarde, com o dinheiro que vinha da lavoura, seu Francisco comprou uma sanfona e um violão para os filhos, que àquela altura já formavam a dupla Camargo e Camarguinho. “Como eles tinham vergonha, eu dava dinheiro escondido para os outros pagarem os dois depois que cantassem.

Era para incentivar…”, relembra seu Francisco. A dupla-mirim se apresentava em circos e rodoviárias. Em 74, a família foi para Goiânia, sempre em busca do sonho de seu Chico, o de transformar seus filhos numa dupla. Lá, Welington, irmão nove anos mais novo que Zezé, adquiriu paralisia infantil. “Partimos de ônibus, levando os filhos e a graça de Deus…”, conta dona Helena.

ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO -VIDA DURA NA CAPITAL

Em Goiânia, os Camargo passaram a morar num barraco de dois cômodos. O telhado era remendado com papelão e latas. Seu Francisco arrumou emprego como servente de obra. Dona Helena trabalhava como lavadeira. A dupla Camargo e Camarguinho, que tocava canções de Tonico e Tinoco e de outras duplas da época, vez ou outra ganhava a estrada para se apresentar no interior do país. Numa dessas viagens, quando os garotos tinham 12 e 11 anos, um acidente de Ford Maverick tirou a vida de Emival.

Os filhos de seu Francisco voltavam de uma apresentação em Imperatriz, no Maranhão, numa espécie de lotação. Zezé teve apenas um ferimento próximo ao olho. “Emival não voltou para casa. Éramos os irmãos mais ligados. Fiquei traumatizado…”, revela Zezé. A primeira vez que ele voltou para Imperatriz, alguns anos atrás, teve uma crise de choro em pleno aeroporto.

ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO -VIDA DURA NA CAPITAL

Mesmo com a falta do irmão, Zezé não desistiu da música. Com 13 anos já trabalhava como office-boy. Aos 15 era o Zé Neto do trio Os Caçulas do Brasil, com o qual chegou a gravar um disco. Em 79 formou parceria com um amigo de Goiânia, dez anos mais velho e remanescente do trio. A carreira da dupla Zazá e Zezé, que teve boa expressão em Goiás e no Mato Grosso, deu origem a três LPs.

Mas não vingou porque Zazá tinha planos regionais. Zezé queria ganhar o país. Em 1987, Zezé resolveu partir para São Paulo e tentar carreira solo. Gravou dois discos pelo selo Três M, já extinto (hoje esses trabalhos pertencem à Warner). Por essa época, algumas de suas composições já eram sucesso nas vozes de duplas consagradas, como Chitãozinho e Xororó. “Apresentei ‘Solidão’ ao Leonardo, mas achava que ela deveria ser gravada pelo Amado Batista. Mas o Leo gostava muito da canção. Fez um playback sem me avisar. Só contou quando já tinha decidido gravá-la”, diverte-se Zezé. A música acabou estourando nas vozes de Leandro e Leonardo.

Antes de emplacar um hit atrás do outro cantando ao lado do irmão Luciano, Zezé Di Camargo já conhecia o gostinho de ver músicas suas nas paradas de sucesso de todo o país. Ele compunha principalmente para amigos famosos como Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leonardo. Ele assina, em média, seis faixas de cada CD da dupla. Suas letras, com raríssimas exceções, falam do amor e suas dores, tema que ele considera universal, com o qual todos se identificam. Quem nunca sentiu uma dorzinha de cotovelo que atire a primeira pedra.

Em resposta aos críticos que acham que Zezé deveria compor músicas sertanejas de raiz, ele costuma dizer: A miscigenação é nossa característica mais forte. Não existe raça pura no Brasil e, consequentemente, não existe ritmo puro. Exigem que os sertanejos façam música de raiz. Chico Science misturou rock com maracatu e a mídia aplaudiu, por quê nós teríamos de cantar um ritmo puro? Mas nunca negou suas origens. Tenho orgulho do gosto de terra no céu da boca, declara.

ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO -LUCIANO ENTRA EM CENA

Apesar das composições bem-sucedidas, o filho mais velho de seu Francisco queria mesmo era emplacar como cantor. Welson David, irmão dez anos mais moço, imaginava que Zezé estivesse fazendo sucesso em São Paulo. Vi você no programa do Bolinha, ligava, todo orgulhoso. Não desconfiava que os tempos eram de vacas magras e quem segurava as pontas – e as contas – na casa de Zezé era, muitas vezes, Zilú, sua mulher.

ZEZÉ DI CAMARGO & LUCIANO -FINCANDO O PÉ EM GOIÂNIA

Por pouco Zezé não manda o irmão de volta para a casa dos pais, depois de Welson ter se metido numa briga. Quem não deixou foi a Zilú, recorda. Na hora de escolher o nome para a dupla, os dois passaram a ver qual soaria melhor ao lado de Zezé Di Camargo. Que tal Lucian? arriscou Zezé. Por que não Luciano, sugeriu Welson. Feito. Fecharam contrato com a gravadora Copacabana.

Com o repertório definido e faltando um dia para a dupla entrar em estúdio, Zezé teve um estalo e compôs, de supetão, É o Amor. Insistiu com os executivos da gravadora e acabou conseguindo incluir a faixa no LP. Antes mesmo de o disco sair, Zezé Di Camargo deixa uma fita com É o Amor na rádio Terra FM de Goiânia. Seu Francisco, sempre incentivador, comprava 500 fichas telefônicas por semana e as espalhava pela vizinhança. Ele dizia para que ligassem para a rádio e pedissem a música que seus meninos haviam acabado de gravar. Funcionou: em 15 dias É o Amor era a mais pedida da cidade.

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This article was written by:

Wenderson Mendes

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