Dermaptera
Conhecidos no Brasil como tesourinhas ou lacrainhas e em Portugal como bicha-cadela, os dermápteros são insetos hemimetábolos e terrestres, com corpo alongado e presença de cercos geralmente em forma de pinça. O nome da ordem Dermaptera provém do grego, onde derma significa pele e pteron significa asas, referindo-se às asas anteriores grossas e coriáceas presentes nos insetos. Podem ser confundidos com insetos dos grupos Staphylinidae (Coleoptera), por possuírem asas anteriores curtas, ou com Japygidae (Diplura), por possuírem cercos em forma de pinça. São encontrados em todas as regiões do mundo, exceto nas polares, com predominância nas regiões mais quentes.
A maioria possui hábitos noturnos e se esconde durante o dia. Alimentam-se principalmente de vegetação morta, mas alguns se alimentam de vegetação viva ou são predadores. Tem um comportamento marcante de cuidado maternal, observado tanto com ovos como com ninfas do primeiro ínstar.
Morfologia
Morfologia Externa
Os dermápteros são insetos de corpo alongado, estreito e um pouco achatado. Os adultos podem ser alados ou não, possuindo um ou dois pares de asas quando alados. Seu tamanho varia de 3 a 85 mm. Possuem coloração predominantemente amarela, preta e marrom, apesar de serem encontradas na cabeça, protórax e pernas colorações diferentes do resto do corpo. Há casos raros de espécies com coloração verde ou azul metálico. Os adultos geralmente possuem cercos em forma de pinça.
A cabeça é prognata, larga e achatada, e nela se encontram antenas filiformes, cujo número de segmentos pode variar dentro de uma mesma espécie de acordo com o desenvolvimento do indivíduo, com indivíduos jovens possuindo menos segmentos nas antenas. A cada muda, são adicionados mais segmentos às antenas. Também se encontra na cabeça uma mandíbula desenvolvida do tipo mastigadora, cuja molar (onde o alimento é triturado) varia de acordo com a dieta. A maxila, por conta do prognatismo, é alongada, e o palpo maxilar possui 5 artigos, sendo o apical dotado de papilas sensoriais. Conectando os olhos e o vértice da cabeça, forma-se um “Y”, formado pelas suturas frontal e coronal. Os olhos compostos nos dermápteros raramente são reduzidos, e se conhece apenas algumas espécies cegas de caverna. Ocelos são sempre ausentes nos dermápteros atuais.
O tórax é dividido nos fragmas protórax, mesotórax e metatórax, e possui um protórax móvel, com pronoto discoidal, e mesotórax curto, muito próximo do metatórax. Há maior desenvolvimento do mesotórax e metatórax em espécies capazes de voar. Quando existem dois pares de asas nos dermápteros, o par anterior é modificado em asas do tipo tégmina, curtas, coriáceas e sem venação, enquanto o par posterior é densamente dobrado, ultrapassando uma pequena distância das tégminas. Frequentemente, ambos os pares de asas são reduzidos e podem ser identificados como ausentes. Os pares de asas também podem sofrer redução de forma independente, com algumas espécies possuindo tégminas normais não reduzidas cobrindo o par posterior de asas reduzidas. As pernas dos dermápteros são ambulatórias, inseridas lateralmente no tórax, nunca possuindo modificações para saltar ou cavar. Além disso, as pernas possuem coxas curtas e tarsos do tipo trímeros, isto é, divididos em 3 tarsômeros.
O abdômen dos dermápteros é longo, estreito e muito móvel. Os machos e ninfas possuem 10 segmentos observáveis, enquanto as fêmeas possuem 8. Essa diferença ocorre porque o sétimo segmento cobre o oitavo e o nono, que são curtos. Observa-se um padrão de ziguezague na lateral do abdômen dos dermápteros, resultante da sobreposição lateral dos tergitos e esternitos sobre os tergitos e esternitos seguintes, cobrindo a pleura e os espiráculos. No abdômen dos dermápteros, também se encontram dobras glandulares nos tergitos 3 e 4, cuja função é a liberação de secreções que possuem odor desagradável, servindo como uma forma de defesa. Algumas espécies podem esguichar esse líquido a uma distância de 75-100 mm. Nos machos dermápteros, há uma ejeção da genitália masculina, altamente modificada em comparação com outros táxons, por pressão da hemolinfa. Os cercos, encontrados na extremidade apical do abdômen, são simples nas fêmeas e ninfas, sendo relativamente retos e não articulados, mas apresentam grande variação em tamanho e forma nos cercos dos machos. Em algumas espécies, o tamanho dos cercos é igual ao do corpo e é muito curvado, tanto em vista lateral quanto dorsal. Nos cercos, frequentemente se encontram critérios, dentículos ou flanges. A forma dos cercos geralmente é característica de cada gênero, embora cercos semelhantes possam ser encontrados em gêneros não diretamente relacionados, além de também serem usados para identificação de espécies.

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