Evangelho segundo Lucas
O Evangelho Segundo Lucas (em grego: Τὸ κατὰ Λουκᾶν εὐαγγέλιον; romaniz.: To kata Loukan euangelion) é o terceiro dos quatro evangelhos canônicos. Ele relata a vida e o ministério de Jesus de Nazaré, detalhando histórias dos acontecimentos de Seu nascimento até Sua Ascensão.
O autor é tradicionalmente identificado como Lucas, o evangelista. Certas histórias populares, como o Filho Pródigo e o Bom Samaritano, são encontradas somente neste evangelho. A obra tem uma ênfase especial sobre a oração, a atividade do Espírito Santo, a alegria e o cuidado de Deus para com os pobres, as crianças e as mulheres. Lucas apresenta Jesus como o Filho de Deus, mas volta sua atenção especialmente para a humanidade d'Ele, com Sua compaixão para com os fracos, os aflitos e os marginalizados.
De acordo com o prefácio do livro, o propósito de Lucas é relatar o início do cristianismo, enquanto procura o significado teológico da história. O evangelista divide seu evangelho em três fases: a primeira termina com João Batista, a segunda consiste no ministério terrestre de Jesus e a terceira é a vida da igreja após a ressurreição de Cristo. O livro contém ao todo 24 capítulos, 24 parábolas e 21 milagres. O autor retrata o cristianismo como divino, respeitável, cumpridor da lei e internacional. Aqui, a compaixão de Jesus estende a todos os que estão necessitados, como mulheres são importantes entre os seus seguidores, os samaritanos desprezados são elogiados e os gentios são prometidos a oportunidade de aceitar o evangelho. Enquanto o Evangelho é escrito como uma narrativa histórica, muitos dos fatos retratados nele são baseados em tradições orais e anteriores aos quatro evangelhos canônicos.
A mais moderna erudição crítica pensa que Lucas dedicou-se ao Evangelho de Marcos para a sua cronologia e a uma hipotética fonte Q, que provavelmente continha muitos dos ensinamentos de Jesus. Lucas também pode ter escrito escritos independentes. A erudição cristã tradicional tem datado a composição do evangelho para o início dos anos 60 d.C., enquanto a alta crítica data para décadas mais tarde do século I. Enquanto a visão tradicional de que o companheiro de Paulo, Lucas, foi o autor do terceiro Evangelho, um número de possíveis contradições entre Atos e as cartas de Paulo levam muitos estudiosos a duvidar disso. De acordo com Raymond E. Brown, não é impossível que Lucas foi o autor do Evangelho. Já Leon Morris afirma que não há nada no Evangelho de Lucas que coloque em xeque a visão tradicional da Igreja Primitiva. De acordo com a opinião da maioria, o autor é simplesmente desconhecido.
Os estudiosos da Bíblia estão em amplo consenso de que o autor do Evangelho de Lucas também escreveu o Atos dos Apóstolos. Muitos acreditam que o Evangelho de Lucas e os Atos dos Apóstolos constituíam uma obra de dois volumes, que os estudiosos chamam de "Obra Lucasiana".

Composição
Tradicionalmente, uma composição de dados do Evangelho de Lucas é fixada antes dos eventos finais do livro de Atos, entre os anos 59 e 63 d.C. O autor do Evangelho de Lucas reconhece a familiaridade com outros evangelhos anteriores (1:1). Embora o semitismo exista por todo o livro, a obra foi composta em grego koiné. Tal como Marcos (mas ao contrário de Mateus), o público alvo é uma população de gentios de língua grega, assegurando aos leitores que o cristianismo não era uma seita exclusivamente judaica, mas uma religião mundial.
Evangelhos Sinópticos
Os Evangelhos de Lucas, Mateus e Marcos (conhecidos como Evangelhos Sinópticos) apresentam um alto grau de semelhança em suas apresentações do ministério de Jesus. Eles incluem as histórias, muitas vezes na mesma sequência e às vezes exatamente com as mesmas palavras. A explicação mais aceita para essa semelhança é a hipótese das Duas Fontes, ou seja, Mateus e Lucas tomaram emprestado o Evangelho de Marcos e uma hipotética coleção escrita de ditos de Jesus, chamada de Q. Para a maioria dos estudiosos, a fonte Q foi coletada para a formação de parte dos evangelhos de Lucas e Mateus, mas não é encontrada em Marcos.
Em "Os Quatro Evangelhos: Um Estudo das Origens" (1924), Burnett Hillman Streeter argumentou que uma outra fonte, chamada L e também hipotética, está por trás do material em Lucas que não tem paralelo em Marcos ou Mateus.
Fontes
A visão tradicional é que Lucas, que não foi uma testemunha ocular do ministério de Jesus, escreveu seu evangelho após reunir as melhores fontes de informação ao seu alcance (Lucas 1:1-4), como afirma em seu prólogo. Para a erudição crítica, a hipótese das duas fontes é a mais provável, ou seja, o autor de Lucas usou como fontes para seu Evangelho o Evangelho de Marcos e o hipotético documento Q, além do material exclusivo da Fonte L. A introdução da obra mostra que o autor utilizou três fontes: várias narrações compostas antes dele (entre elas o Evangelho de Marcos), informações recolhidas junto a testemunhas oculares e a tradição oral da pregação apostólica.
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