Igreja em missões

Várias experiências da Igreja em sua história bimilenar, que remontam às primeiras comunidades cristãs, poderiam oferecer uma saída para esse problema e, ao mesmo tempo, promover uma revitalização dos próprios processos eclesiais. Com um discernimento pastoral espetacular, o papa Francisco já tinha identificado essa necessidade na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho). Olhando para o Documento de Aparecida, vislumbrou o desafio de sair de uma pastoral de conservação para uma pastoral em chave missionária (DAp 370); a necessidade de repensar as estruturas das comunidades eclesiais e da própria Igreja segundo outro ponto de referência missionário.

Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade (FRANCISCO, 2019, p. 25).

A própria paróquia, a estrutura eclesial que tem congregado a vida comunitária, pode assumir novos formatos, adaptando-se à dinâmica da vida cotidiana, às exigências do tempo presente, em que homens e mulheres vivem e convivem diante da sua realidade específica, clamando pela presença da Igreja.

A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser “a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas” (FRANCISCO, 2019, p. 26).

Portanto, uma Igreja verdadeiramente missionária, em saída, como preconiza o papa, deve rever sua caminhada, abrir-se à ação do Espírito, permitindo que surjam novas formas pelas quais se evangeliza nos tempos atuais e anunciando a mensagem do Evangelho a todas as pessoas. Nesse sentido, o papa recorda a riqueza das experiências vindas das próprias comunidades que, abertas ao discernimento da presença e atuação do Espírito Santo, inauguram novas formas de viver como comunidades cristãs.

As outras instituições eclesiais, comunidades de base e pequenas comunidades, movimentos e outras formas de associação são uma riqueza da Igreja que o Espírito suscita para evangelizar todos os ambientes e setores. Frequentemente trazem um novo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja. Mas é muito salutar que não percam o contato com esta realidade muito rica da paróquia local e que se integrem de bom grado na pastoral orgânica da Igreja particular. Esta integração evitará que fiquem só com uma parte do Evangelho e da Igreja, ou que se transformem em nômades sem raízes

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This article was written by:

WENDERSON MARTINS Miranda

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