Mafalda

Mafalda é uma personagem criada pelo cartunista argentino Quino (1932-2020). A menina é uma heroína contestadora, revolucionária, inquieta, que se recusa a aceitar o mundo como ele é, procurando sempre formas de questionar e de mudar a sociedade.

Mafalda levantou temáticas importantes e difíceis como o capitalismo, o feminismo e a desigualdade social, mas sempre com humor e de modo acessível. Apesar de trazer a tona assuntos complexos, a história em quadrinhos protagonizada pela menina alcançou todo o tipo de público, de adultos a crianças.

A personagem Mafalda apareceu pela primeira vez na revista Leoplan, no dia 29 de setembro de 1964, na Argentina. Mafalda permanece sendo publicada até os dias de hoje em diversos países do mundo.

A desafiadora menina de 6 anos, baixinha, de cabelos fartos, escuros e rebeldes amarrado com um laço é cheia de opiniões e dúvidas sobre o funcionamento da sociedade ocidental.

Mafalda nasceu no berço de uma família de classe média argentina. A menina tem características infantis - assim como grande parte das crianças, detesta sopa, por exemplo. Por outro lado, adora Beatles e levanta nas suas perguntas questões fundamentais sobre o mundo que não perderam a validade.

As suas reflexões, muitas vezes feitas com o dedo apontado, são incomodas e provocadoras - Mafalda é preocupada com o futuro do mundo e da espécie humana.

A personagem é defensora da paz, da democracia, dos direitos das crianças, da justiça e das mulheres.

Humberto Eco definiu Mafalda num prefácio que escreveu para Quino, em 1969, como sendo “uma heroína zangadaque recusa o mundo tal como ele é”.

A menina inquieta fala sobre temas complexos como o racismo, a guerra, a desigualdade social e as convenções vazias do mundo dos adultos.

A personagem mais famosa do argentino Quino levanta temas políticos, econômicos e filosóficos de uma maneira original.

Em 1963 o criador Quino lançou o seu primeiro livro de tirinhas, chamado Mundo Quino. Depois da publicação, foi convidado para desenhar uma família de personagens para uma tirinha cômica que tinha como objetivo a divulgação da marca de eletrodomésticos Mansfield (a marca pertencia à empresa Siam Di Tella).

A empresa contratou Quino para fazer as tais tirinhas divertidas sobre a classe média argentina como uma espécie de campanha publicitária. Nas histórias, os personagens da família de Mafalda usavam produtos vendidos na loja.

Os quadrinhos seriam distribuídos de forma gratuita nos jornais e revistas, nas sessões de humor (representando menos custos para a empresa do que os anúncios publicitários tradicionais e chamando mais atenção dos leitores). Mas o projeto acabou não indo à frente e Mafalda não chegou a ser conhecida pelo público nesse momento.

Depois de ter criado Mafalda e engavetado a criação porque a campanha publicitária não foi a frente, Quino, que tinha 32 anos, apresentou o material para o amigo Miguel Brascó, que dirigia a revista Leoplan. O amigo publicou três histórias em quadrinho de Mafalda no suplemento de humor Gregorio, que fazia parte da Leoplan.

Depois da breve aparição de três tirinhas na revista Leoplan, no dia 29 de setembro de 1964, Mafalda foi publicada pela primeira vez na revista argentina Primera Plana (1962-1969). A revista foi uma das mais importantes do país durante a década de 60 e deu muita visibilidade à Mafalda, que era publicada duas vezes por semana.

Depois de romper relações com a revista, Quino levou Mafalda para ser publicada a partir de março de 1965 pelo jornal El Mundo.

Em 1966 Mafalda virou livro. A edição argentina reuniu algumas tiras antigas tendo sido publicada pela editora Jorge Álvarez. A edição, com 5.000 exemplares, esgotou em 45 dias.

Ao contrário de outros cartunistas da sua época, que terceirizavam as próprias criações, Quino fez questão de distribuir o seu próprio trabalho durante a sua carreira.

A marca que contratou Quino o orientou que todos os personagens deveriam começar com a letra M, era uma referência ao nome da loja (Mansfield).

Segundo o criador, o nome Mafalda é uma homenagem a uma das personagens do escritor argentino David Viñas (1927-2011) no livro Dar La Cara.

No Brasil, Mafalda foi publicada pela primeira vez na Revista Patota, no Rio de Janeiro. A tradução e a publicação foi muito importante, uma vez que a tirinha de Quino era uma das raras latino-americanas ao lado de poucas brasileiras - em geral, as histórias em quadrinhos publicadas no Brasil tinham origem americana ou europeia.

A Revista Patota durou quatro anos. Mafalda apareceu em 27 volumes da revista, em 89 tiras.

Depois de a revista ter sido extinta, as tirinhas foram publicadas como livreto pela Editora Global, sendo editada pelo também cartunista Henfil.

Apesar de as tiras serem traduzidas, algumas expressões ficaram no original, em espanhol (como “papá” e “mamá”, e “dios mío”), fazendo com que a personagem rapidamente fosse identificada pelo público brasileiro como sendo estrangeira.

Apesar de ter sido criada num contexto argentino e falar inicialmente para famílias argentinas, a menina contestadora foi bem recebida internacionalmente por tratar de dramas universais e acabou por ser traduzida para mais de vinte países, incluindo Finlândia e China. No Brasil e em Portugal, Mafalda foi publicada pela primeira vez em 1970.

Na época em que foi criada, Mafalda testemunhou uma Argentina marcada por um golpe de Estado e uma América Latina sofrida, de modo geral, pela ditadura e pela repressão.

As histórias de Mafalda também foram muito divulgadas internacionalmente por terem sido utilizadas por professores, em materiais didáticos e em sala de aula.

Mafalda ganhou vida fora da sua terra natal também através de campanhas sociais internacionais como as da UNICEF.

O personagem mais famoso de todos, Manolito Goreiro (em português Manuelinho), foi incorporado as tirinhas de Mafalda no dia 29 de março de 1965. Manuelinho vive pensando nos negócios da mercearia do pai e é um representante do capitalismo tendo como maior objetivo fazer cada vez mais dinheiro. O personagem foi criado com inspiração em Julián Delgado, dono de uma rede de padarias da região onde Quino vivia.

A personagem Susanita (em português Susaninha), era Susana Beatriz Chirusi, e conheceu a turma no dia 6 de junho de 1965. Susaninha queria casar com um homem rico além de ter mais vestidos e sapatos. Não há registro de onde veio inspiração para Quino criar a menina.

Felipe, outro personagem da turma, apareceu no dia 2 de junho de 1968. O rapaz tímido de 7 anos era um idealista e foi criado em homenagem a Jorge Timossi, grande amigo de Quino.

A menina Liberdad (em português Liberdade), surgiu nas tirinhas no dia 15 de fevereiro de 1970. A garota é filha de hippies socialistas, o seu próprio nome já dá pistas da sua ideologia. Liberdade é uma jovem menina questionadora, nas suas aparições lemos, em geral, falas relacionadas com o proletariado e a revolução.

Miguelito é um menino ingênuo e que ama jazz. Ele é o mais novo da turma (tem apenas 5 anos) e partilha com Mafalda o ódio pelas sopas.

Guille é o apelido de Guilherme, o irmão caçula de Mafalda, um personagem menor.

A personagem não humana mais importante da história é Burocracia, uma tartaruga, que é altamente simbólica da lentidão do sistema.


Joaquín Salvador Lavado Tejón, o Quino, criador de Mafalda, faleceu aos 88 anos no dia 30 de setembro de 2020.

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