Parassíntese ou derivação prefixal e sufixal?
Muitos estudantes, vestibulandos e candidatos a concursos públicos confundem as derivações prefixal, sufixal e parassintética. Isso se deve à semelhança dos conceitos, o que dificulta a identificação em grande parte das palavras. Por causa disso, é preciso estar atento a cada caso para não haver nenhuma confusão. Quem fará exame ou uma prova de admissão em concursos precisa ler com cuidado o enunciado para entender o que ele está pedindo.
Uma derivação é uma modificação de uma palavra, de maneira que outra é criada a partir dessa mudança. O léxico da língua é ampliado pela formação dos novos termos. As palavras podem ser agrupadas em três conjuntos: derivadas, primitivas e compostas. Através da Composição e do Hibridismo, a derivação cria novos termos unindo palavras diferentes, de radicais diferentes, e partindo de termos primitivos.
Uma palavra pode ser modificada através da derivação prefixal, sufixal, parassintética e derivação imprópria, também chamada de derivação regressiva. Nessa última, a mudança não ocorre por acréscimo, e sim por redução da palavra. Normalmente são formados substantivos a partir de um verbo, ao contrário do mais comum, quando se cria verbos a partir de substantivos.
Por exemplo, o verbo “comprar”, que pode ter uma derivação regressiva tornando-se “compra” (substantivo). É muito comum vermos essa mudança na linguagem popular, como no caso das palavras “portuga” (português) e “comuna” (comunista).
Já nos casos das derivações prefixal e sufixal e parassintética, a mudança ocorre pelo acréscimo de partes no início e no final das palavras. E daí advém a confusão entre os conceitos, devido à similaridade dos respectivos significados. Esse texto focará nesse aspecto, diferenciando cada conceito com exemplos. Acompanhe.
Derivação prefixal e sufixal
Antes de conceituarmos a derivação prefixal e sufixal, precisamos entender o que é um prefixo e um sufixo. Eles são morfemas chamados de afixos. Cada um se refere à posição que ele ocupa na palavra. Quando o afixo está no seu início, trata-se de um prefixo, e quando está no fim, é um sufixo. Um exemplo de palavra com prefixo é “descuido”, sendo o “des” o morfema afixo. Como exemplo de sufixo podemos citar a palavra “realismo”, cujo afixo está no final do termo, o “ismo”. Agora vamos entender a diferença entre os conceitos de derivação.
A derivação prefixal e sufixal ocorre nas situações em que os prefixos e sufixos são adicionados a uma palavra primitiva. Dessa forma, mesmo se retirarmos um dos morfemas – ou até mesmo ambos – a palavra não perde seu sentido. Ela poderá se tornar um novo termo ou permanecer no seu sentido primitivo. Observe alguns exemplos:
Infelizmente
O prefixo é “in” e o sufixo é “mente”. Se nós retiramos os dois afixos, temos a palavra primitiva “feliz”. Ao retirarmos apenas o prefixo, temos a palavra “felizmente”, e se retirarmos apenas o sufixo teremos a palavra “infeliz”. Dessa forma, podemos afirmar que a palavra possui uma derivação prefixal e sufixal. Outro exemplo:
Deslealdade
Se nós retiramos da palavra os dois afixos, teremos o termo “leal”. Sem o seu sufixo, a palavra se torna “desleal”, e sem o seu prefixo teremos “lealdade”. Veja outros casos de palavras cuja derivação é prefixal e sufixal:
- Desigualdade
- Desvalorização
- Imoralidade
- Imortalidade
- Independentemente
- Infielmente
- Invariavelmente
- Subescolaridade
É importante notar que a palavra “felizmente” e “lealdade” possuem apenas a derivação sufixal, enquanto “infeliz” e “desleal” possuem a derivação prefixal. Agora vamos analisar o caso das parassínteses.
Derivação parassintética
Essa derivação ocorre quando há um radical e nele são adicionados simultaneamente um prefixo e um sufixo, assim como nas derivações sufixal e prefixal. A diferença é que, quando é retirado um morfema, ou ambos, a palavra restante perde o sentido e não possui lógica significante. Vamos aos exemplos:
Emagrecer
O prefixo no caso é a letra “e”, e o sufixo é o “grecer”. Ao retiramos ambos os afixos da palavra, sobrará apenas o “ma”, que não faz nenhum sentido. Outro exemplo:
Envergonhar
Podemos ver que há palavra “vergonha” no meio do termo, o que poderia confundir alguém que não domina os conceitos. Mesmo que exista um termo legível no centro da palavra, ela é uma parassíntese, pois quando retiramos o “em”, temos “vergonhar”, que não faz sentido. Ao retirarmos o “ar”, temos “envergonh”, que também não faz sentido. Se nós retirarmos ambos, sobrará “vergonh”. Por causa disso, dizemos que “envergonhar” recebe uma derivação parassintética. Veja outros exemplos de parassintéticas:
- Ajoelhar
- Amanhecer
- Anoitecer
- Engaiolar
- Entardecer
Resumindo:
Nas derivações sufixal e prefixal, podemos retirar o morfema do início da palavra, chamado de prefixo, e o morfema no seu fim, chamado de sufixo, ou ainda podemos retirar ambos os morfemas, que ainda assim teríamos uma palavra que faz sentido. Na derivação parassintética, não podemos retirar nem o afixo do início, nem o afixo do fim, e muito menos ambos, pois o que sobrará não é uma palavra que existe e tem sentido. Ou seja, não há prefixo e nem sufixo nesse caso.
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