Recomeço: egresso do sistema prisional estuda e trabalha com apoio de Programa de Inclusão Social

O Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp) começou suas atividades em Belo Horizonte, em 2004. Atualmente está presente em 11 municípios. Desde o início do funcionamento do programa, já foram realizados mais de 211,3 mil atendimentos. O objetivo principal é propiciar o acesso a direitos e promover condições para a inclusão social de homens e mulheres egressos do sistema prisional. Para isso, o programa busca identificar e intervir nas vulnerabilidades e riscos sociais que perpassam a trajetória de vida daqueles que tiveram sua liberdade privada, contribuindo para a diminuição da reincidência criminal.Paloma de Souza Santos Pereira é assistente social e uma das analistas que atuam nos atendimentos do PrEsp na Unidade de Prevenção à Criminalidade localizada na rua Espírito Santo, no Centro de Belo Horizonte. Para ela, trabalhar no programa significa um ato político, pois a pauta do egresso não é interessante à sociedade. “Se ninguém fala sobre esse público, como ele vai ser conhecido e escutado? A partir disso, podemos construir a chamada segurança cidadã. O PrEsp não trabalha sozinho, pois o egresso está na saúde, na educação e na moradia”, avalia a assistente social.Os egressos procuram o PrEsp voluntariamente, por meio de encaminhamentos feitos pela rede do município ou pela coleta de assinaturas referentes ao livramento condicional. O programa também realiza ações nas unidades prisionais com pessoas que estão próximas de alcançar a liberdade. A ideia é apresentar o trabalho ao futuro egresso, possibilitando a ele que, ao deixar a unidade prisional, já saiba da existência de um serviço que pode acessar e que o auxiliará na retomada de sua vida em liberdade.
A primeira máquina de cortar cabelo de Júlio César foi fabricada por ele, utilizando um pente e lâminas de aparelhos de barbear. Começou cortando o cabelo de colegas da cela onde estava: “Diziam que eu cortava bem, mas queria ter a avaliação de um profissional e aprender todas as técnicas, por isso, procurei ajuda para fazer um curso”. Júlio se diz grato aos analistas do PrEsp, que considera prestativos e eficientes. “Eles conseguem nos orientar sobre os serviços da rede pública e articular com pessoas solidárias, dispostas a ajudar”, enfatiza.Foi desta forma que surgiu o curso de barbeiro. O professor já havia dado aulas no Programa de Controle de Homicídios Fica Vivo!, integrante da Política Estadual de Prevenção Social à Criminalidade, desenvolvida pela Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade (Supec), na qual também está inserido o PrEsp.A certeza de ser um ótimo barbeiro surgiu durante curso, dando a Júlio a tranquilidade e a técnica para montar sua “barbearia”, sob a proteção do viaduto da avenida Francisco Sales. Lá, é possível encontrar pessoas aguardando a vez de se sentar na cadeira.Um dos clientes de Júlio é Douglas de Oliveira, 23 anos, que está desempregado e o conheceu no Albergue Tia Branca, situado próximo à “barbearia”. No último corte de cabelo e barba Douglas se olhou narcisicamente em um pequeno espelho, e não se conteve em dizer sorridente: “Agora, vai!”. Não foi possível saber o motivo, mas Júlio especulou todo emocionado: “Agora vai o quê? Vai conseguir namorar? Conseguir um emprego? Vai visitar a família? Para mim, é uma alegria enorme ver as pessoas saírem daqui com a sensação do agora vai”.
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Vanderlei Carvalho

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