Russula virescens

Russula virescens é um fungo que pertence ao gênero de cogumelos Russula na ordem Russulales. Ele pode ser reconhecido pelo seu característico chapéu verde-pálido que mede até 15 cm de diâmetro, cuja superfície é coberta com manchas mais escuras angulares verdes. Tem lamelas brancas e apinhadas e uma estipe firme e branca, que atinge até 8 cm de altura e 4 cm de espessura. Considerado um dos melhores cogumelos comestíveis do gênero Russula, é especialmente popular na Espanha e na China. Com um sabor que é descrito como leve, de noz, frutado ou mesmo doce, pode ser cozido, grelhado, frito ou comido cru. Os cogumelos são ricos em carboidratos e proteínas, com baixo teor de gorduras.

A espécie foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1774 por Jacob Christian Schaeffer. A distribuição do cogumelo abrange a Ásia, norte da África, Europa e América Central. Sua presença na América do Norte não foi esclarecida, devido à confusão com as espécies similares Russula parvovirescens e R. crustosaR. virescens desenvolve cogumelos isolados ou em grupos espalhados sobre o solo, em florestas de folhas caducas e mistas, formando associações micorrízicas com árvores como carvalhos (Quercus), faia-europeia (Fagus sylvatica) e choupo (Populus tremula). Na Ásia, o fungo se associa com várias espécies de árvores de florestas tropicais da família Dipterocarpaceae. A enzima ribonuclease de R. virescens foi estudada e mostrou ter propriedades bioquímicas únicas em comparação com as de outros cogumelos comestíveis. O fungo contém polissacarídeos biologicamente ativos e uma enzima lacase que pode clivar vários corantes utilizados em laboratórios e na indústria têxtil.

Russula virescens

Taxonomia

Russula virescens foi descrita cientificamente pela primeira vez pelo polímata alemão Jacob Christian Schäffer em 1774. Na época, foi batizada como Agaricus virescens.[3] A espécie foi transferida depois para o gênero Russula por Elias Magnus Fries em 1836, formando assim o nome binominal aceito atualmente.[4][5] De acordo com o banco de dados nomenclatural MycoBank, Russula furcata var. aeruginosa (publicado por Christian Hendrik Persoon em 1796)[6] e Agaricus caseosus (publicado por Karl Friedrich Wilhelm Wallroth em 1883)[7] são sinônimos de Russula virescens.[2] A variedade albidocitrina, definida por Claude Casimir Gillet em 1876,[1] já não é considerada como tendo importância taxonômica independente.[8]

De acordo com a classificação proposta em 1986 por Rolf Singer, R. virescens é a espécie tipo da subseção Virescentinae na seção Rigidae, um grupo que reúne cogumelos caracterizados por possuírem chapéus com superfícies que se desmancham em pequenas partículas como se fossem farelo (furfuráceas).[9] Uma análise filogenética molecular de fungos Russula nativos da Europa sugeriu que R. virescens forma um clado com R. mustelina; estas duas espécies são irmãs de um clado contendo R. amoenicolor e R. violeipes.[10]

O epíteto específico virescens é uma palavra latina que significa "tornando-se verde".[11] Nos países de língua inglesa, o cogumelo é chamado popularmente pelos nomes de green-cracking Russula, quilted green Russula,[12] e green brittlegill, todos estes uma referência ao padrão característico da superfície do chapéu.[13] No Médio Atlântico dos Estados Unidos, é conhecido localmente como moldy Russula.[14]

Descrição

Referido pelo entusiasta em cogumelos Antonio Carluccio como "não exatamente agradável de se olhar",[nota 1] o chapéu de R. virescens tem formato de cúpula ou de barril, ficando convexo e achatado com o passar do tempo. Pode atingir até 15 cm de diâmetro e muitas vezes tem uma depressão na região central.[15] A cutícula do píleo tem uma tonalidade verde, mais acentuada no centro, com manchas da mesma cor dispersas radialmente num padrão areolado.[13] A coloração da cutícula é frequentemente variável, com tons de cinza, azinhavre ou verde-grama. A extensão das manchas na cutícula também é variável, com alguns espécimes com uma reduzida área manchada à semelhança de outros cogumelos de chapéu verde do gênero Russula, como o R. aeruginea. As manchas verdes do chapéu repousam sobre um fundo branco a verde-pálido. O píleo, embora frequentemente arredondado, também pode apresentar lobos e rachaduras irregulares. Sua cutícula é fina e pode ser facilmente descascada da superfície a uma distância de cerca de metade do caminho em direção ao centro do píleo.[13] As lamelas são brancas a creme e bastante apinhadas; elas estão livres em relação à adesão ao tronco. As lamelas são interligadas em suas bases por veias.[16]

Face inferior do chapéu.Os esporos são hialinos e verrucosos.

A estipe (o "tronco" do cogumelo) é cilíndrica, branca e de comprimento variável, atingindo até 8 cm de altura e 4 cm de largura,[17] com aproximadamente a mesma espessura na porção superior e na base. A parte de cima da superfície do tronco pode ser farinácea (coberta com um pó branco).[18] Eventualmente fica um pouco marrom com a idade, ou quando é ferido ou danificado devido ao manuseio.[19] Assim como outros cogumelos da família Russulales, a carne é frágil, devido à citoarquitetura de células cilíndricas, que contrastam com as hifas típicas fibrosas e filamentosas presentes em outras ordens de basidiomicotas.[20]

Os esporos de R. virescens são elípticos ou elipsoides com verrugas, translúcidos (hialinos) e produzem uma impressão de esporos (técnica usada na identificação de fungos) branca, pálida ou amarelo-pálida;[12][21] as dimensões de esporos são 6 a 9 por 5 a 7 micrômetros (µm).[12] Um retículo parcial (padrão de cristas semelhante a uma rede) interliga as verrugas. As células que carregam os esporos, os basídios, têm forma de trevo em secção transversa e medem 24 a 33 por 6 a 7,5 µm, são incolores e cada um possui de dois a quatro esporos. Os pleurocistídios (cistídios da face das lamelas) medem 40 a 85 por 6 a 8 µm e terminam abruptamente em uma ponta afiada.[22]

Article Number: 15173
Read. 622 Time.
Rate this article.
Thank you for your vote.

This article was written by:

Rogerleks Frasson

Contact Me.

  • Email
View More. Close.

article.Autor.author_review

Other articles written by this Author.