Sophie Blanchard
O balonismo era um negócio arriscado para seus pioneiros. Sophie perdeu a consciência em algumas ocasiões, suportou temperaturas congelantes e quase se afogou quando seu balão caiu em um pântano. Em 1819, tornou-se a primeira mulher a falecer em um acidente aéreo quando, durante uma exposição nos Jardins Tivoli em Paris, lançou fogos de artifício que inflamaram o gás em seu balão. A embarcação caiu no telhado de uma casa, causando a sua morte.
Comumente denominada como Madame Blanchard, também é conhecida por múltiplas combinações de seus nomes de solteira e casada, incluindo Madeleine-Sophie Blanchard, Marie Madeleine-Sophie Blanchard, Marie Sophie Armant e Madeleine-Sophie Armant Blanchard.
Carreira solo
Subida do Campo de Marte, em 24 de junho de 1810.
Assim como seu marido, Sophie conduziu experimentos com paraquedas, exercícios de paraquedismo com cães em seu balão e, como parte de seus espetáculos, lançava fogos de artifício e soltava cestas de pirotecnia ligadas a pequenos paraquedas.[2] Outros aeronautas estavam conquistando reputação ao realizarem saltos de paraquedas das cestas de balões, em particular a família de André-Jacques Garnerin, cuja esposa, filha e sobrinha praticavam regularmente.[8] A sobrinha de André-Jacques, Élisa Garnerin, era a principal rival de Sophie como uma aeronauta feminina, e era raro que um evento satisfatório não tivesse uma performance de uma das duas.[6] Sophie pode até ter feito algumas exibições de paraquedismo, mas seu principal interesse era no balonismo.[9]
O casal ainda estava com dívidas no momento da morte de Jean-Pierre, de modo que, ao escolher um balão, Sophie optava pela austeridade o máximo que podia. Usou um balão de gás cheio de hidrogênio (ou Charlière), pois permitia que realizasse sua subida em uma cesta pouco maior do que uma cadeira. O balão de hidrogênio também a libertou de ter que cuidar do fogo para manter a embarcação no ar. Como era pequena e leve, conseguiu reduzir a quantidade de gás usado para inflar o balão.[1] Sophie usava, ou pelo menos possuía, um balão de ar quente; o coronel britânico Francis Maceroni escreveu em suas memórias que ela lhe vendeu um no ano de 1811 por quarenta libras.[10]
Tornou-se a preferida de Napoleão, e ele a nomeou para substituir Garnerin em 1804, que caiu em desgraça ao não controlar o balão que havia enviado para marcar a coroação de Napoleão em Paris; o balão acabou se afastando até Roma, onde entrou no Lago de Bracciano e tornou-se assunto de muitas piadas à custa de Napoleão.[11] O título dado a ela por Napoleão não está claro: ele certamente a fez sua "Aeronauta dos Festivais Oficiais" ("Aéronaute des Fêtes Officielles") com a responsabilidade de organizar exibições de balonismo em eventos importantes,[1] mas também pode ter feito dela a sua Ministra-Chefe do Ar de Balonismo, período durante o qual foi relatado que eles tinham desenvolvido planos para uma invasão aérea da Inglaterra.[12][13]
Cartão-postal do voo de Sophie, feito para celebrar o 42.º aniversário de Napoleão.Sophie fez subidas para entreter Napoleão em 24 de junho de 1810 do Campo de Marte, em Paris, e na celebração montada pela Guarda Imperial por seu casamento com Maria Luísa de Áustria. No nascimento do filho de Napoleão, sobrevoou Paris lançando folhetos que anunciavam o ocorrido.[14] Sophie atuou na celebração oficial de seu batismo no Castelo de Saint-Cloud, em 23 de junho de 1811, com uma exibição de fogos de artifício lançada a partir do balão,[15] e novamente na Festa do Imperador em Milão, em 15 de agosto de 1811. Fez uma subida durante o mau tempo sobre o Campo de Marte, em Nápoles, para acompanhar a revista das tropas por Joachim Murat, cunhado de Napoleão e rei de Nápoles, em 1811.[10] Quando Luís XVIII entrou em Paris, em 4 de maio de 1814, depois de ser restituído ao trono francês, subiu em seu balão da Pont Neuf como parte da procissão triunfal. Luís ficou tão impressionado com seu desempenho que a apelidou de "Aeronauta Oficial da Restauração".[16][a]
Conhecida em toda a Europa, Sophie atraiu grandes multidões para as suas subidas. Em Frankfurt, ela aparentemente foi a causa da pouca recepção da ópera de Carl Maria von Weber, Silvana, na sua noite de abertura, 16 de setembro de 1810: as pessoas da cidade reuniram-se para ver sua exibição, enquanto apenas alguns participaram da estreia da ópera.[17] Também fez muitas exibições na Itália. Em 1811, viajou de Roma a Nápoles, fazendo uma parada depois de viajar 60 milhas (97 km), e mais tarde voltou novamente a Roma a uma altitude de 12 000 pés (3 660 m), onde alegou que havia caído em um sono profundo antes de pousar em Tagliacozzo.[18] No mesmo ano, novamente perdeu a consciência depois de ter que subir ainda mais para evitar ficar presa em uma tempestade de granizo perto de Vincennes. Como resultado, passou 14½ horas no ar.[19] Sophie cruzou os Alpes em um balão,[20] e em uma viagem a Turim, em 26 de abril de 1812, a temperatura estava tão baixa que sofreu um sangramento no nariz e pingentes de gelo foram formados em suas mãos e rosto.[6] Quase morreu em 21 de setembro de 1817 quando, em um voo de Nantes (seu 53.º), confundiu um campo pantanoso como um ponto de pouso seguro. O dossel de seu balão ficou preso em uma árvore que fazia a cadeira se virar; enredada no equipamento, foi forçada a entrar na água do pântano e teria se afogado se a ajuda não tivesse chegado logo após o pouso.[6] Identificando-se com Marie Thérèse de Lamourous, que tentava dirigir um abrigo para "mulheres com problemas" (La Miséricorde) em Bordéus, ofereceu-se para doar ao empreendimento os lucros obtidos de uma de suas subidas. De Lamourous recusou a oferta alegando que não poderia ser a causa pela qual alguém arriscaria sua vida.[21]
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