Tailândia convoca líderes de protestos para depor sob a acusação de crimes de lesa majestade
As autoridades da Tailândia convocaram ao menos sete dos líderes de protestos contrários ao governo do país para prestar depoimento nesta terça-feira (24), sobre supostos "insultos à monarquia", segundo fontes da polícia e de movimentos sociais confirmaram à agência de notícias Reuters.
A intimação vem um dia antes de uma grande manifestação, que está marcada para acontecer nesta quarta-feira (25), em Bangkok. Com protestos há quatro meses, a capital vive um aumento da pressão popular contra o governo e a família real.
Os manifestantes foram chamados para depor sob a suspeita de que tenham cometido crime de lesa majestade – eles teriam insultado a monarquia tailandesa durante os protestos. Caso sejam considerados culpados, poderão pegar até 15 anos de prisão.
Manifestantes 'pró-democracia' se reúnem nesta quinta-feira (15) em Bangcok, na Tailândia — Foto: Gemunu Amarasinghe/AP
Parit "Pinguim" Chiwarak é um dos sete convocados pela polícia tailandesa. Ele disse em entrevista à Reuters que, apesar de tanto ele como sua família terem recebido a intimação policial, não está preocupado.
"Isso vai expôr a brutalidade do sistema feudalista tailandês para todo o mundo", disse Chiwarak. "Nós vamos seguir lutando."
A última vez em que alguém foi condenado com base na lei de lesa majestade, que pune severamente qualquer difamação contra um membro da família real, foi em 2018. Um homem pegou 35 anos de prisão por postar e comentar no Facebook críticas sobre a monarquia.
Manifestações pró-democracia
Há quatro meses sem mostrar cansaço, os protestos contrários ao governo tailandês continuam. Eles foram incentivados pela dissolução de um partido de oposição popular entre os jovens e as consequências econômicas da pandemia da Covid-19.
O confinamento do país afetou duramente o turismo, peça fundamental da economia da Tailândia, o que também deixou mais claro as desigualdades sociais no país.
No mês passado, mais de 10 mil manifestantes "pró-democracia" fizeram uma caminhada até a sede do governo para celebrar o 47º aniversário do levante estudantil de 1973.
Em um momento do protesto, um automóvel que transportava a rainha Suthida não conseguiu evitar a manifestação e permaneceu parado por alguns instantes, quando dezenas de ativistas fizeram a saudação com os três dedos inspirada no filme "Jogos Vorazes", em desafio à autoridade da realeza.
Sete dos organizadores das manifestações contra o governo tailandês foram intimados nesta terça-feira (24); eles são investigados por 'insultos à monarquia', o que pode dar até 15 anos de prisão no país.
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